Sempre fui a favor da descriminalização do aborto, por princípio, mas a coisa nunca tinha me tocado de perto. Minha filha foi muito muito muito desejada e planejada, e embora eu franza demais a testa pra mulheres bem informadas que em pleno século XXI ainda confiam na tabelinha como método contraceptivo, a realidade é que NÃO IMPORTA se você usou tabelinha (e portanto digamos que deu um certo mole) ou se a camisinha furou ou a se a pílula era de farinha ou se o DIU saiu do lugar e você engravidou sem querer. Precisamos ter o direito ao aborto e ponto final.
(sobre a eficácia dos métodos anticoncepcionais, acompanhem esse post maravilhoso aqui:
https://www.facebook.com/juliapamed/posts/1050495158440808 )
Até bem recentemente, eu nunca tinha conhecido nenhuma mulher que tivesse feito um aborto. Melhor dizendo: nunca tinha conhecido nenhuma mulher que falasse abertamente sobre o assunto. Mas de 2016 pra cá a minha vida mudou muito e conheci pessoas de realidades muito diferentes da minha, o que só traz vantagens. E de repente começaram a pipocar casos – alguns acontecendo com mulheres que eu conheci online e com quem converso quase que diariamente, outros com amigas de caras que participam dos mesmos grupos que eu, uma amiga de um desses grupos sabe dos paranauês porque já ajudou mulheres desesperadas, e tudo isso só fez reforçar a minha posição sobre o assunto.
Uma amiga muito querida, com quem converso menos do que gostaria, me contou no final do ano passado que estava grávida novamente, uma gravidez desejada e feliz. Eu e Carol, minha filha, fomos pra Itália nas férias, e um tempo depois da minha volta a Curitiba eu e essa amiga nos encontramos na rua. Notando que meu olhar foi direto pra barriga e virou uma cara de “ué” porque o barrigão que eu esperava ver não tava lá, ela me abraçou e disse no meu ouvido:
– Viajei pro exterior pra abortar porque o feto tinha malformações genéticas. Tenho sorte de ter condições e uma rede de suporte familiar pra fazer isso; fiquei o procedimento inteiro imaginando como deve ser uma situação dessas pra uma mulher sozinha e sem grana e sem conhecimento.
Não voltamos a conversar sobre o assunto, mas o jeito tocante com que ela me disse que AGORA SIM entende o que outras mulheres passam me deixou ao mesmo tempo triste e emocionada. Emocionada porque alguém com lugar de fala manifestou sua posição comigo – apesar dela estar careca de saber como eu penso, porque é minha amiga no Facebook, aborto não deixa de ser um assunto perigoso – e triste porque ela precisou passar por isso pra solidificar a sua opinião.
A gente tem que parar de levar as coisas pro pessoal. Leis não são sobre nós. São sobre todos.
AH MAS EU ACHO UM ABSURDO – não faça.
AH MAS ISSO É ASSASSINATO – não é, porque até 14 semanas a pré-pessoa que tá ali parasitando a sua genitora não tem sistema nervoso, não sente dor, não tem consciência de si própria.
AH MAS DÁ PRA ADOÇÃO – quem vai adotar e ajudar a criar? Tu? O pastor da tua igreja?
AH MAS A MINHA RELIGIÃO NÃO PERMITE – foda-se.
AH MAS – cala a boca. Calemos a boca. Não importa o que eu e você achamos pessoalmente sobre o assunto; o que importa é a coletividade. E a coletividade só tem a ganhar com a descriminalização do aborto. Nos países onde abortar não é crime, o número de abortos caiu. Mulheres deixaram de morrer fazendo abortos clandestinos nas mãos de açougueiros. Crianças indesejadas deixaram de ser abandonadas aos montes por mães que nunca os quiseram – e aqui vale reforçar que NÃO IMPORTA O MOTIVO PELO QUAL NUNCA OS QUISERAM. Não interessa se foi estupro, se foi gravidez indesejada, se foi depressão, se foi alguma malformação fetal. Não interessa nem a mim, nem a você.
Nossos hermanos argentinos deram um show de civilidade essa semana aprovando inicialmente essa lei que descriminaliza o aborto. Ainda não tá totalmente aprovada, mas é provável que seja. A manifestação nas ruas foi grande; zilhões de mulheres foram protestar e fazer valer a sua voz, de maneira semelhante ao que houve na Irlanda semana passada. Precisamos de apoio, inclusive de homens sensatos que concordem que só nós temos direito de tomar decisões sobre os nossos próprios corpos.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/18/actualidad/1529334677_354202.html
Sobre isso, deu-se hoje a seguinte conversa maravilhosa num dos meus grupos preferidos, onde nos consideramos uma família de amigos (os nomes são todos reais, juro 😉). A treta nasceu porque uma dos membros se viu numa conversa com um homem que achava ter direito de impedir o aborto de sua companheira por desejar ser pai. Prestem atenção nos argumentos das mulheres – os negritos são meus. Eu não participei da conversa porque tava malhando peitorais e costas na academia, sorry. A conversa é longa mas eu juro que vale a pena – fica mais legal ainda se você ler em voz alta.
Mario Márcio Marques: Uma ajuda das mulheres… quando mulheres dizem que homem não engravida, e portanto não deve se manifestar sobre aborto, estão falando tanto sobre quem defende como quem é contra?
Marcivane Morais: No meu ponto de vista sim
Mario Márcio Marques: Mas se fosse assim a Câmara dos Deputados da Argentina não teria aprovado. Afinal a maioria populacional feminina vota em homens
Vânia Vívian: Não, mas acho que a fala é no sentido pessoal não? Tipo, no âmbito pessoal o homem é apoio, mas só quem deve decidir sobre o próprio corpo é a mulher. No âmbito público, os homens só devem se posicionar de forma a corroborar a decisão das mulheres a respeito, na minha opinião. E no âmbito político igualmente, apenas ajudar no sentido de ser número, ser pressão, mas pra dar voz ao que nós mulheres decidimos
Vânia Vívian: Não deve se manifestar = não deve ter poder de decisão
Vânia Vívian: Deve usar seu poder pra confirmar a decisão feminina. No meu entendimento
Vânia Vívian: Tendeu a diferença, Mario Márcio Marques?
Karla Krystina: Exatamente. E essa frase eh tendenciosa, mulher vota em homem pq eh o que tem, sabemos que eh bem difícil começar uma carreira política. E sabemos q mulher q se elege eh assassinada. Então essa frase parece nos culpar por votarmos em homens, mas não eh bem assim
Mario Márcio Marques: Mas postar coisas para que o aborto seja legalizado/descriminalizado pode?
Vânia Vívian: De preferência retuitar postar texto de mulheres hehe pra não repetir os argumentos femininos e levar crédito, sabe?
Marcivane Morais: Vc pode fazer o que vc quiser, mulheres feministas não proíbem as pessoas de falar sobre nada
Vânia Vívian: Acho super válido engrossar o coro, mas principalmente não ganhar biscoito repetindo o que as mulheres já falaram
Marcivane Morais: Exato
Vânia Vívian: Mas mesmo, posta lá 🙂 é ótimo ver homens dando crédito e se posicionando sobre. É bom saber que temos apoio 🤗
Vânia Vívian: Já faz muito bem em se questionar e nos questionar antes de postar. Obrigada deusa 🙌🏽 hahah
Mario Márcio Marques: Infelizmente tem gente que proíbe mesmo homem de ser a favor do aborto (porque escolheu) porque não engravida (porque a natureza fez assim).
Karla Krystina: Elas devem ter passado poucas e boas pra ter essa raiva 🙂 são muitos anos de silenciamento, dah um desconto
Vânia Vívian: Às vezes a comunicação é mais difícil mesmo, Mario Márcio Marques. Cada uma tem seu background né
Comunicação não violenta tbm é um privilégio, bom lembrar
Karla Krystina: Imagina se tu tivesse as regras do teu corpo ditadas pelo estado. Ter q brigar por lei pra algo q afeta teu corpo e tua vida e teu filho q tu vai ter q criar sozinha pq o homem q te estuprou tah cagando pra ti. Não eh fácil.
Mario Márcio Marques: Não votem mais em homens, por favor
Karla Krystina: Tu leu meu comentário acima? Mulher não podia nem votar até ontem
Recém começaram a se candidatar
A melhor candidata eleita foi assassinada
Manuela q tah lah no páreo ouve merda machista o tempo todo
Tu acha q eh fácil se candidatar?
E votar?
Não vem nos culpar
Com licença
Tu eh muito esclarecido pra fazer um comentário tão simplista de “não votem em homens”
Marcivane Morais: Não mandem mais no nosso corpo, por favor
Karla Krystina: Como se a culpa fosse nossa
Cátia Cândida: Gente, e sobre o homem que argumenta que: Ele concorda que se ele engravida a mulher, ele é tão responsável quanto ela pela criança, MAS se ela resolve não querer a criança, ele como outro responsável deveria ter o direito de querer a criança. Ele fala que não é contra a legalização do aborto, mas é contra o homem não poder escolher ter o filho, já que a responsabilidade é dele tanto quanto dela, que se ele não tiver direito, os direitos não são iguais, e que na legalização do aborto, uma vez a mãe não querendo a criança e o pai querendo, ele se torna completamente responsável pela criança (somente ele) e a mãe deixa de ser responsável perante a justiça se abrir mão do filho seja o desejo dela. Ele diz que nesse ponto o feminismo não quer igualdade.
Karla Krystina: Desonestidade intelectual
Marcivane Morais: Pq quem corre risco de vida com a gravidez é a mulher, não é mesma coisa ser pai e mãe não é igualdade mesmo não.
Karla Krystina: Isso eh tão exceção, eh complicado. Ele vai se responsabilizar pelos casos opostos? Em q o homem abandonou e a mulher se fodeu?
Cátia Cândida: Não, ele não fala da realidade de hoje, em que se o homem abandonar o filho, a mulher se fode e nada acontece. Ele fala, que numa lei em que o aborto é legalizado, caso a mulher não queira ter o filho, o pai deveria poder escolher, e nesse caso, por lei, a criança seria entregue direto ao pai assim que nascesse (como acontecia nas adoções de antigamente), e a partir desse momento a mãe não teria nenhuma responsabilidade com a criança. A responsabilidade seria toda do pai!
Gabriela Giselly : cara, depois que ta no mundo é uma coisa, agora dentro do corpo da mulher, quem manda é ela, passar por uma gestação nao querendo, e por um parto e um puerperio, que sao periodos mais dificeis ainda, sao violencias muito grandes com a mulher
Karla Krystina: Ainda assim a mulher q carrega o bebê 9 meses, como comentou a Marineide, acho complicado
Marcivane Morais: O aborto não é sobre não querer ter um filho, e sim sobre não querer ficar grávida
Cátia Cândida: Falei isso dos 9 meses e do nosso corpo, mas o argumento dele é que: Se a gente fala tanto que quem carrega o bebê por 9 meses é a gente, que o corpo é nosso e a gente que se fode, então o homem não deveria mais ser responsabilizado pela gravidez, que só nós deveríamos nos preocupar com isso.
Karla Krystina: Manda ele adotar e calar a boca
Desculpa, mas essas discussões cansam
Cátia Cândida: Ele já tem um filho.
Jaquellyne Janaína: Minha opinião é de que o que a mulher decidiu é o que vai acontecer. Mesmo que o cara queira, não é no corpo dele que a gravidez acontece.
Cátia Cândida: E tenho que admitir que é pai responsável, fez questão da guarda compartilhada quando se separou. O filho tinha menos de 2 anos. E ele realmente divide todas as responsabilidades, como levar ao médico, dentista, escola, etc.
Aí ele bate na tecla: se é dos dois, porque não posso escolher tê-lo?
Gabriela Giselly: pq nao tem condiçoes biologicas
Karla Krystina: Cátia, isso eh uma pequena exceção de um problema gigante q eh exatamente o oposto. Não dah pra pautar uma discussão de política pública por um exemplo desses.
Marcivane Morais: Pq a natureza deu o útero pra mulher
Karla Krystina: Isso realmente tah acontecendo na vida dele ou ele tah soh criando caso? Pq na vida real tem mulher morrendo de verdade
Gabriela Giselly: *e homens trans
Marineide Morais: Quem tem útero pode
Karla Krystina: Diz isso pra ele, tá? Mulher morrendo, mulher sem condições de criar filho q não tem pai, mulher q sofre estupro, mulher expulsa de casa pq engravidou, etc
Cátia Cândida: Não, não tá acontecendo. Foi uma discussão de mesa que surgiu.
Gabriela Giselly: mulher que simplesmente nao quer
Karla Krystina: Uma sugestão é deixar essa discussão pra quando os casos de abandono parental baixarem a 10% do q acontece hoje.
Marcivane Morais: Essa discussão de pais que querem ter um filho com uma mulher que não quer é pra depois quando acabar a fome no mundo, pra sociedade de star Trek, antes disso as mulheres estão morrendo, agora mulher tem que tomar posse do próprio corpo. Depois a gente discute isso
Karla Krystina: Eh o mesmo q invalidar maria da penha pq UM homem apanha da mulher. CLARO q isso existe. Mas eh UM caso. Mulher apanhando são 500 POR DIA. Eh uma questão de foco. Esse UM caso pode ir pra justiça processar a mulher, mas não significa q maria da penha seja uma lei ruim. Ela eh ÓTIMA
Gisele Gabrielly: o caso é a exceção da exceção da exceção, mas acho que é foda que se o homem vislumbra que com a legalização do aborto ele pode vir a ter quem sabe toda via talvez um resultado contrario do que ele quer, perder “um direito” hipotético, ele ja nao quer. Agora a gente pode viver a vida sem direito ao proprio corpo, boa
Cátia Cândida: Só que quando eu falava desse abandono, ele dizia que a defesa dele é que o pai seria OBRIGADO a ser responsável pelo filho e a mãe iria “se livrar” dessa responsabilidade, que não é o que acontece hoje, nem em países em que o aborto é legalizado e nem em países em que o aborto não é. Mas entendo os argumentos de vocês e dei todos eles, mas sabe quando você não concorda, mas ao mesmo tempo, sente que seus argumentos não estão sendo tão convincentes?
Karla Krystina: Pois é, né? Que nem pílula. Homem nem cogita um efeitinho colateral. Mas mulher morrendo tbm pq toma pílula pode
Marcivane Morais: Por essas e outras que homem não pode falar sobre aborto, pq eles pensam “isso vai me afetar nesse ponto, e blá blá blá” e as mulher morrendo tudo
Karla Krystina: Pra mim, nossos argumentos aqui estão bem convincentes. Olha o que a Gabriela Giselly falou agora. Ele tah com medo de perder um direito HIPOTETICO e tah cagando pra mulheres sem direitos REAIS.
Gabriela Giselly: ah é que no fim é uma questao basica de direito ao seu proprio corpo, é dificil explicar pq que mulher tem que ter direito
Cátia Cândida: Sim, eu só disse isso porque ele não é o tipo do homem que eu poderia dizer: “E você, o que faz pelo seu filho?”, “E porque você não adota?” Entende?
Jaquellyne Janaína: A segunda pergunta pode rolar, sim. Até pq, é a única chance que o cara tem de decidir sozinho sobre ter um filho ou não.
Gabriela Giselly: ah, mas a discussao nao é individual ne, agredir ou confrontar o interlocutor como pessoa nao é um argumento honesto
Karla Krystina: Se ele não enxerga o cenário total, ele tah sendo desonesto. Não importa q ele eh um bom pai.
Gabriela Giselly: tipo nao importa se a pessoa é um exemplo de pai e de homem, ele vai contra uma mudança que hoje (sem mudar nada o que existe no mundo, nao é um mundo hipotetico em que o cara teria que cuidar do filho ou qualquer coisa utopica dessas) retira o direito da mulher ao seu proprio corpo.
Vânia Vívian: Mas e a gestação? Eu não tenho vontade de gestar uma criança. Se acontecesse esse caso comigo, o pai quisesse, eu seria obrigada a gestar?
Fábio Felipe: Tô pensando aqui sobre o argumento do pq não adota é acho que ele não é legal, assim como muitas mulheres têm o desejo de ter o filho genético esse desejo também ocorre com alguns homens. Talvez falar “pq então não segue sua vida com outra pessoa que tenha os mesmos desejos” não seria mais coerente?
Tânia Tábata: ó, a gente precisa parar de pensar dessa maneira pessoalista de “me afeta ou não”. um homem RAZOÁVEL tentaria pensar no bem maior e, caso não soubesse, consultaria mulheres. mas achar que “ah, mas e eu?” não é política
Karla Krystina: Pode ser, mas o que NÃO PODE eh obrigar mulher a fazer algo q ela não queira
Tânia Tábata: o que precisa ser aprovado e discutido não é aborto ou adoção. é o direito de ESCOLHA
Karla Krystina: E o debate não precisa ir além disso, pq qq coisa além disso eh utopia
Tânia Tábata: nenhuma mulher QUER abortar, cara. ela quer ter o direito de poder recorrer a isso caso seja necessário
Jaquellyne Janaína: Pouco importa qual é o argumento. O que o cara vai fazer é problema dele, desde que não envolva o corpo de uma mulher que não escolheu engravidar.
Karla Krystina: O argumento dele eh tão raso quanto quem fala que eh contra o aborto pq jamais abortaria. NAO EH SOBRE ESSA PESSOA. NUNCA EH.
Vânia Vívian: Não éeeee (alguém precisa lembrar ele que o mundo não gira ao redor dele)
Gabriela Giselly: exato! É igual o argumento que deram esses dias sobre ficar bravo e xingar e querer bater no cara que cometeu um crime contra voce, a discussao não é essa, é global, é social, os pormenores voce resolve na terapia depois
Marcivane Morais: HOMENS NÃO OBRIGUEM MULHERES A FAZER NADA (o verso é repetido 48 vezes)
Fábio Felipe: Não tô falando sobre o que irá acontecer, tô pensando no debate e na possibilidade de construção de possíveis aliados pra luta. Tentando me colocar no lugar de um cara que fala isso, eu ficaria bem mais tomado com esse argumento.
Marcivane Morais: Vamos nos colocar no lugar da mulher que não quer estar grávida e não tem opção: ou tem dinheiro ou morre 🤷🏽♀
Jaquellyne Janaína: Mas é disso que eu tô falando. Não importa qual é o argumento nesse caso, o foco é outro. O que vc vai decidir fazer pra ter um filho pouco importa, se vc não vai obrigar nenhum corpo feminino a gerar.
Tânia Tábata: novamente, PAREM DE PESSOALIZAR O ROLÊ
Tânia Tábata: enquanto a gente pensar “no que EU faria, o que EU pensaria”, nada vai andar
Gabriela Giselly: e se a gente tiver que resolver todas as coisas hipoteticas que inventarem antes de resolver os problemas REAIS, tambem nao
Vânia Vívian: Estou justamente nesse momento lendo o livro Calibã e a bruxa, sobre mulheres, corpo e acumulação primitiva.
Jeska Jacinta: É eu piscar e tem 490 mensagens… vou voltar la no começo, nos dinossauros pra dar meu pitaco ahahaha
Marcivane Morais: RESUMO DA TRETA = 1. Mulheres devem decidir sobre o próprio corpo.
- Questões pessoais não estão em discussão
- Qualquer pergunta será respondida com: favor leia as resoluções 1 e/ou 2
Jeska Jacinta: É eficiência feat. síntese que chama?
Jeska Jacinta: Concordo com 1 e 2.
Jeska Jacinta: Eu sou a favor de engrossarmos o coro das lutas que achamos justas. Respeitar o lugar de fala é bom, mas vejo a participação dos homens como sendo um alto-falante pras vozes femininas. Infelizmente, tem homem q soh ouve homem. Se precisar passar por isso pra mais gente pensar no assunto, passemos. Soh espero q nao seja eterna essa dinâmica.
Kamyle Keyla: é isso aí! estamos discutindo algo q seria pós aprovação ao aborto, concordo com as meninas. a legalização do aborto não vem apenas abortar ou não. tem todo um trabalho social com os pais, essa questão do pai querem e a mãe não, seriam extremas, não?
Jeska Jacinta: Eu vejo isso como problemático (do cara também opinar) porque 1) o corpo nao eh dele
2) a sociedade apedreja a mãe que “abandona” o filho e enaltece os caras q fazem o mínimo do mínimo.
Como faz com os zilhares de julgamentos na família/ trabalho/ círculo de amigos qd vc diz: nao quis a criança, dei pro pai cuidar. A sociedade simplesmente não aceita. E esse cara… quais as chances dele criar? Vai largar na mãe…
Fora que, se nascer de cesariana, vai ter uma marca PRA SEMPRE em vc te lembrando da sua escolha (e dos julgamentos).
Puerpério ja eh foda em condições privilegiadas. Sem bebê e com julgamento eh fórmula pra 13 reasons why.
Gabriela Giselly: E de parto normal pode ter tambem ne!! episiotomia, laceração…
Jeska Jacinta: Porque a sociedade não vai execra-lo por ter abandonado um recém-nascido. Ele vai ser exaltado e nao vai fazer um A pra aliviar a barra dessa mulher. Pq ele não se preocupa em fazer filho com quem quer? Tao mais simples…
Migo, apenas não faça filho com quem não quer. Please.