Isso aqui a Globo não mostra – campos de concentração nos EUA

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Oi, amiguinhos, já que a grande mídia brasileira só sabe falar de famosos e esqueceu como se faz jornalismo a gente vem aqui trazer procês uma história foda acontecida essa noite. Segue o fio que vai bem além da notícia!
O camarada da foto aqui é Will Van Spronsen, de 69 anos. Ele era montador de estruturas (leia-se carpinteiro), cantor folk e anarquista.
Detalhe no “era” na frase anterior: ele foi morto essa noite pela polícia em Tacoma, Washington, EUA.
Foto de um homem branco, careca, usando óculos escuros de armação retangular, barba e bigode grisalhos, blusa azul-marinho e um lenço azul-marinho com estampas brancas pequenas enrolado no pescoço. Ele está com a boca meio aberta, falando ao microfone. Está de semi-perfil. Atrás dele, um fundo com listras verticais, alternadas: rosa escuro e rosa mais escuro ainda.
SEGUNDO A POLÍCIA, ele invadiu o terreno do centro de detenção noroeste do ICE (US Immigration and Customs Enforcement) armado e portando um molotov. Lá ele tentou incendiar carros estacionados e e um tanque de propano; numa troca de tiros com policiais foi baleado e morto.

Aqui sempre vale ressaltar que essa é a versão da polícia e que a gente não tem a menor vontade de aceitá-la como verdade num primeiro momento.

 

Palavra de oficial juramentado valer mais que qualquer outra é o meu ovo esquerdo!

Duvidamos que ele de fato tenha feito isso?
Claro que não. Reprovamos a sua atitude?
Longe disso!Vamos ver qual a treta do ICE pra entender o que faria esse jovem senhor entrar em um dia de fúria. 

****** ALERTA DE GATILHO *****
******Daqui pra frente é bom ter estômago*****

Os Centros de Detenção do ICE são nomes gourmet pra campos de concentração. Lembra das histórias dos nazistas? Os EUA não estão fazendo muito diferente com os imigrantes que cruzaram suas fronteiras fugindo das crises sociais, econômicas e humanitárias da América Central.
Talvez a comparação dessas duas fotos dê a dimensão do rolê. Tem crianças sendo separadas das mães, tem gente morrendo sob custódia do governo. Mas são latinos, então foda-se, né.
Não vou nem me dar o trabalho de falar aqui sobre a política da merda do muro daquele filho da puta laranja. Não deixem cair no esquecimento os salvadorenhos Óscar Martinez e sua filhinha Valeria.
Mas acelerando a história. De uns tempos pra cá a mídia tem sido mais crítica com essa política de fronteiras fechadas, alguns por uma questão humanitária, alguns pelo absurdo da coisa e outros porque é uma ótima forma de bater em Trump – afinal, tem eleição ano que vem.
Talvez a gota d’água tenha sido o artigo feito dias atrás pela @propublica, no qual foi exporsto um grupo no FB criado por e para agentes de patrulha da fronteira. No grupo esses servidores públicos desfilavam todo o seu repertório de misoginia, racismo e extremismo nacionalista.
Logo mais quem entrou na brincadeira foi o @theintercept americano, expondo prints e algumas pessoas que eram figurinhas carimbadas do mesmo grupo. O bagulho era nojento e ia de piadas escatológicas até montagem da candidata @AOC (Alexandria Ocasio-Cortez) chupando o Trump (mais sobre isso nos nossos dois últimos episódios).

Esse é o post feito pelos colegas do @ggreenwald (Gleen Greennwald, do Intercept) lá na gringolândia

theintercept.com/2019/07/05/bor…

E não demorou muito pra bomba também explodir no colo da chefa da porra toda.

Depois desses escândalos a galera começou a ter umas ideias, sabe…
O mote era sempre esse: “Eles não conseguem parar todos nós”. Os fóruns se agitavam com pessoas empolgadas com a possibilidade de fazer um escarcéu e soltar milhares de pessoas. Infelizmente isso não havia passado do planejamento (até esse final de semana).
Tudo leva a crer que Will Van Sproensen incendiou alguns veículos que eram usados na detenção e remoção de pessoas e depois pretendia de alguma forma tentar libertá-los das garras desses agentes filhos da puta
Deu ruim, como todos sabem, mas até onde é conhecido esse é o primeiro caso de um cidadão americano morto o tentar libertar pessoas de um campo de concentração [dentro dos EUA].

A matéria do G1 diz: “No ano passado, este mesmo homem tinha sido condenado por obstruir a ação de um policial depois de uma briga durante um protesto em frente ao mesmo centro de detenção”.

Não é bem o que disseram as pessoas que presenciaram essa ação do ano passado.

Segundo os grupos de WA: “Others remember him from the protests outside the NWDC last summer where he was accused of lunging at a cop and wrapping his arms around the officer’s neck and shoulders, as the officer was trying to arrest a 17-year-old protester. “
“The very next day when he was released from jail he came right back to the encampment outside the center to support the other protesters.”
It’s doubtless that the cops and the media will attempt to paint him as some sort of monster, but in reality he was a comrade who fought for many years for what he believed in and this morning he was killed doing what he loved; fighting for a better world.”
Esses depoimentos, assim como a frase lá 245 tweets atrás, dizem a mesma coisa: não negamos, mas não achamos errado.
Mas se a gente não nega, qual o problema em tomar a versão policial como verdade?
Boa pergunta. Que tal então a gente usar o recurso tecnológico e olhar as câmeras?
Pois é… CURIOSAMENTE ainda não houve nenhuma informação oficial sobre as imagens de câmeras de torso dos quatro policiais envolvidos no tiroteio que matou Spronsen, mesmo que a legislação do estado de Washington diga que todos usam câmeras.
Bem, fica a questão pra se pensar aí, prefiro assim do que dar respostas prontas. No mais, tirem o resto do dia pra pensar o que vai acontecer. Será que temos um novo mártir? Como o governo reagirá? E a extrema direita? Dias tenebrosos vêm aí.

(A porra do Tuinto tá me sacaneando e dizendo que eu atingi o limite de uma thread. O limite é meu e eu que decido quando acabou)

Segue aqui uma reflexão de Spronsen de 2011:

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Eis aqui o manifesto escrito por Spronsen antes do ataque. Confesso que meus olhos marejaram:

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