feminismo

Pistolando #147 – Geografia humana

Tempo de leitura: 2 minutos

 

 

Pra quem pensa que geografia é aquele negócio de mapa, conversamos com Vevila Dornelles pra mostrar que tem muito mais que isso, bebê.

 

Ficha técnica

Hosts: Leticia Dáquer e Thiago Corrêa

Convidada: Vevila Dornelles

Edição: Leticia Dáquer

Capa: Leticia Dáquer

Data da gravação: 12/03/2022

Data da publicação: 16/03/2022

Coisas mencionadas no episódio 

Livro da Vevila

 

Músicas/áudios

Gilberto Gil – Parabolicamará

Lizzo – Rumors (feat. Cardi B) 

Best of Megaman Music (Flashman) 

Animaniacs – Yakko’s World – HIGH QUALITY

 

A Balada do Pistoleiro

Vevila Dornelles

Jogo: Ancestors – The Humankind Odyssey

Álbum: Spotify – Dawn FM

Canal do YouTube do Casimiro

 

Thiago Corrêa

Canal do YouTube: City Wok City Wall

Filme: A Batalha do Lago Changjin

 

Leticia Dáquer

Perfil no instagram: @tanaka_tatsuya

 

Jabás

Vevila Dornelles

Twitter: @cybertamer

 

Leticia Dáquer

Twitter: @pacamanca

Blog: www.pacamanca.com 

 

Thiago Corrêa

Twitter: @thiago_czz

 

Parceria com Veste Esquerda: Agora tem camiseta do Pistolando direto no site da Veste Esquerda! Mas o código de desconto PISTOLA10 dá 10% de desconto na sua compra da nossa e de outras camisetas maneiríssimas esquerdopatas!

 

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Esse podcast é produzido pelo Estopim Podcasts. Precisa de ajuda pra fazer o seu podcast? Chega mais, que a gente te ajuda.

 

#MULHERESPODCASTERS

Mulheres Podcasters é uma ação de iniciativa do Programa Ponto G, desenvolvida para divulgar o trabalho de mulheres na mídia podcast e mostrar para todo ouvinte que sempre existiram mulheres na comunidade de podcasts no Brasil.

O Pistolando apoia essa iniciativa. 

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Pistolando #055 – Mulheres e caça às bruxas, com Sabrina Fernandes (feat. Hora Queer e Ponto G)

Tempo de leitura: < 1 minuto

 

Esta é a segunda parte do papo da Leticia com Bia, Carine, Dimitra Vulcana e Sabrina Fernandes sobre o livro da Silvia Frederici. Se você não ouviu a parte 1, ela está disponível no feed do Hora Queer,  aqui.

 

Músicas:

  • Bikini Kill – Rebel Girl
  • Lesley Gore – You Don’t Own Me

 

qual é o seu feminismo?

Tempo de leitura: 5 minutos

 

Eu moro na internet, vocês sabem. Estou em vários grupos diferentes, alguns só de mulheres. São safe places pra nós, principalmente pras mais sensíveis de nós – não me incluo nessa categoria, mas sempre me sinto honrada de ser convidada pra participar deles.

Em um desses grupos passamos um bom tempo semana passada nos indignando com ômis fazendo omices em outro grupo do qual todas participamos, e onde somos minoria de gênero. Nada de altamente ofensivo, mas aquelas coisinhas de sempre: piadinhas de duplo sentido, menosprezo pelas nossas dúvidas e perplexidades, manterrupting, mansplaining, ômi ignorando solenemente as nossas contribuições. Passamos alguns dias indignadas e reclamando deles no nosso grupo. Até que umas três ou quatro delas, todas mulheres que admiro muito e cuja trajetória acompanho há tempos, vieram dizer que estavam cansadas do clima pesado que tava rolando no grupo e perguntar se não era o caso de dar uma acalmada e tentar chamar os caras no pvt, dialogar, explicar, lançar mão de comunicação não-violenta.

Não é uma estratégia na qual estou disposta a insistir.

Quem me conhece tá careca de saber que eu sou impaciente pra cacete, mas talvez vocês não saibam que a única coisa que eu adoro mais do que me irritar é explicar, ensinar. Eu já respirei fundo inúmeras vezes pra explicar o óbvio pra quem está láaaa no comecinho da desconstrução.

E vou dizer uma coisa:

CANSEI.

Sabe, essa virou mais uma função que jogam nos nossos ombros: explicar, ensinar. Ser babá intelectual de homem-menino que nem a responsabilidade de se educar quer assumir. Eu não quero mais isso. A única pessoa por cuja educação eu sou diretamente responsável é a minha filha. Estamos em 2018; a desculpa “desinformação e desconhecimento” não cola mais pra justificar machismo, racismo, homofobia e escrotidão generalizada.

Entendam: não estou de maneira alguma dizendo como você, mulher, deve se comportar, obviamente, mas eu, EU, Leticia Dáquer, JAMAIS serei aquela que sai do grupo porque os machos são escrotos. Jamais. Esperem sentados, porque não vai acontecer. Esse não é o meu feminismo. Eu sou aquela que vai começar questionando de leve, e depois vai distribuir voadoras nucleares, cadeiradas na gengiva, traulitadas na fuça, em quem insistir no comportamento imbecil. Eu não tenho mais saco pra discutir o óbvio com homem cretino. Não tenho mais paciência nem energia pra ensinar macho a não ser escroto. Não quero mais esse fardo. NÃO SOU OBRIGADA.

Pensem em quantas coisas a gente (nós, mulheres) não poderia estar debatendo, descobrindo, discutindo, aprendendo, ensinando, se não tivesse que perder tempo rebatendo argumentos idiotas e nos defendendo de ataques machistas. Quanta coisa mais produtiva poderíamos estar fazendo! Mas não, estamos aqui gastando saliva explicando pra gente escrota que ser escroto é ruim. Na boa, não. Não vou ser eu a encarnar mais esse papel. Tô fora. São pouquíssimos os homens que merecem esse esforço. Se você conhece algum, vai na fé, eu também já conheci e fui na fé e não me arrependo (inserir o gif da galinha rodando na discoteca com os dizeres I REGRET NOTHING). Mas a imensa maioria simplesmente não quer saber. A imensa maioria é comentarista de portal, e com comentarista de portal não existe CNV suficiente na Via Láctea. A gente fica perdendo tempo e energia com esses cretinos e deixando de fazer outras coisas mais produtivas, mais maneiras, mais enriquecedoras.

Vou citar aqui o livro que estou lendo, que foi a minha dica cultural do último episódio (que por sinal ficou tchutchuco e se você não ouviu ainda, tá perdendo):

Minha tradução livre: O tipo de compaixão que é útil para homens e meninos que estão tentando escapar de um mundo de violência, misoginia e constipação emocional não é a compaixão de um padre que perdoa os pecados, mas a de um médico que olha para um idiota que esperou demais antes de procurar ajuda para uma ferida purulenta e diz, com firmeza e precisão: sinto muito, mas vai doer.

Não existe maneira indolor de sair do machismo. Não vai ser saindo de grupos povoados de homens escrotos, nem chamando no pvt pra uma conversa longa e cansativa que não vai dar em nada e que só ele vai ler – se é que vai ler, nem fingindo que não é com a gente, que as coisas vão mudar. É isso o que eles querem: que a gente recue, deixe de ocupar espaços, evite o confronto. Existe esse feminismo de bastidores também, que faz esse trabalho de formiguinha, e admiro quem tem esse tipo de paciência, mas não é o meu.

Eu acho que tem que expor. Tem que jogar na cara. Tá sendo escroto no grupo? Mostra ao grupo o quão escroto ele tá sendo. Faz ele passar vergonha com os amiguinhos. Não importa se os amiguinhos o apoiarem, num exemplo de broderagem idiota; COM CERTEZA alguma moita no grupo (todo grupo tem moita) vai ler e vai pensar sobre o assunto, se bobear vai rolar até a proverbial botada de mão na cabeça, a reboladinha e o exame de consciência. Depois de mil mulheres reclamando da mesma coisa, de repente – de repente, talvez, quem sabe – eles entendam que trata-se de um problema real, e não de mimimi de feminazi.

Eu tô amando esse livro. Não sou uma estudiosa do feminismo, mas muitas coisas que ela diz eu já li antes; não há grandes insights até agora (ainda estou na metade). Só que, ao contrário de outras autoras pacatas que eu já li, ela tá putaça, e eu não consigo tirar a razão dela. Eu não entendo por que diabos não estamos todas tão putaças a ponto de parar o mundo inteiro. Qualquer jornal de qualquer país do mundo conta histórias de arrepiar os cabelos envolvendo mulheres se fodendo, porque vocês sabem, Sócrates já dizia, mulher só se fode. É todo dia, o tempo todo, no mundo todo. Por que diabos não tacamos fogo em tudo ainda? Não sei. Acho que nos falta raiva, de verdade.

NÃO VAI SER COM PALAVRINHAS DE AMOR E FLORES NO CABELO QUE VAMOS MUDAR O MUNDO. Infelizmente não vai, sinto muito. Concordo plenamente com a Laurie Penny, autora do livro acima: vai ter que espremer o furúnculo pra sair o carnegão, vai doer pra cacete, vai todo mundo ver estrelas de dor. Mas ficar passando pomadinha homeopática e dizendo que vai passar não vai resolver o problema.

E como a nossa descrição já diz, acreditamos que há pontes que precisam ser queimadas, e não construídas. “Ain mas é a minha opinião” – não. Ser escroto não é opinião. Interromper mulheres o tempo todo não é opinião. Menosprezar o sofrimento das mulheres não é opinião. Chamar a sua ex de maluca quando o idiota da relação foi você não é uma opinião.

O Ivan do Anticast comentou em um programa que ele só foi ter uma vaga ideia do que realmente uma mulher experimenta quando anda sozinha na rua quando a mulher dele, na época namorada ainda, disse “então faz assim, eu vou andando sozinha na frente e você vai me seguindo a uma certa distância, só observando”. Ele ficou horrorizado com o tanto de comentários que ela ouviu de homem que acha que chamar mulher de gostosa na rua super vai fazer ela se apaixonar por ele e tirar a calcinha na hora. Doeu assistir àquilo (sim, é crase)? Doeu. Ficou incomodadíssimo. Ela já tinha explicado a ele várias vezes, e ele não tinha entendido. Precisou ver com os próprios olhos e sentir o desconforto, o incômodo de assistir à cena pra começar a mudar de ideia. E isso porque o Ivan é gente boa. Se com homem gente boa só a gente falar não adianta, por que vocês acham que vai funcionar com o macho escroto?

Bora espremer o carnegão então. Sem anestesia.

P.S.: Muitos beijos pra mulherada do Vários Assuntos Ovariados e pra Julie do Bora Marcar?