Jair Bolsonaro

Guia de sobrevivência ao almoço de domingo – Parte 3: “A nova forma de governar”

Tempo de leitura: 4 minutos

Estrutura e Gestão

REDUÇÃO DE ESTRUTURAS MINISTERIAIS
ATUALMENTE TEMOS 29 MINISTÉRIOS

23 Ministérios;
2 Secretarias com status de Ministério;
4 Órgãos com status de Ministério;
Fonte:www2.planalto.gov.br/presidencia/ministros

O PAÍS FUNCIONARÁ MELHOR COM MENOS MINISTÉRIOS
Um número elevado de ministérios é ineficiente, não atendendo os legítimos interesses da Nação. O quadro atual deve ser visto como o resultado da forma perniciosa e corrupta de se fazer política nas últimas décadas, caracterizada pelo loteamento do Estado, o popular “toma lá-dá-cá”.

Mas olha só quem aprendeu a dar fontes sobre as informações que divulga! Uma pena isso só acontecer quando é conveniente e óbvio.  Nesse trecho a única coisa digna de nota é a expressão “toma lá-dá-cá” (porque diabos eles escrevem desse jeito, cacete??).

Qualquer um que já tenha acompanhado as entrevistas de Bolsonaro em sabatinas ou debates já se deparou com essa expressão, é um termo que ele usa com muita frequência e está associado à troca de favores entre políticos e partidos e também como uma crítica à partilha de cargos em ministérios e secretarias a fim de compor uma base menos turbulenta. Curiosamente, pesquisando aqui eu não achei nenhuma crítica do então deputado Bolsonaro à nomeação para o IBGE de Paulo Rabello de Castro do seu partido à época, o PSC. Pouco mais de um ano depois Rabello foi nomeado presidente do BNDES sob aplausos das associações empresariais (leia-se FIESP e demais amigos do Pato) pois viram nele uma pessoa que acabaria com a política da gestão anterior que foi, segundo eles  de “baixa liberação de recursos e do rigor fiscal da equipe econômica”, ou seja, nas entrelinhas o patronato brasileiro queria uma pessoa mais mão aberta com os recursos públicos federais, que exigisse menos garantias e não fosse tão fiscalmente criteriosa (Estado mínimo pra quem mesmo?).

Se alguém achar uma linha de citação deBolsonaro criticando essas atitudes, me mande, pois eu realmente não vi em lugar nenhum.

ORÇAMENTO BASE ZERO

Com o fim do aparelhamento dos ministérios, inverteremos a lógica tradicional do processo de gastos públicos. Cada gestor, diante de suas metas, terá que justificar suas demandas por recursos públicos.
Os recursos financeiros, materiais e de pessoal, serão disponibilizados e haverá o acompanhamento do desempenho de sua gestão.
O montante gasto no passado não justificará os recursos demandados no presente ou no futuro. Não haverá mais dinheiro carimbado para pessoa, grupo político ou entidade com interesses especiais.
Prioridades e metas passam a ser a base do Orçamento Geral da União, para gastar o dinheiro do POVO obtido pelos impostos.

Isso aqui me parece no mínimo delirante, parece que eu estou ouvindo alguém que está ardendo em febre e não consegue concatenar suas ideias. Talvez seja a parte mais vaga do plano até agora: metas para ministérios? Qual vai ser a meta do ministério da cultura? O número de pessoas que leram Machado de Assis? Que visitaram museus? Isso não faz o menor sentido.

Falar sobre não haver “dinheiro carimbado” também é complicado; parece que os 27 anos como deputado não ajudaram Bolsonaro a entender como funciona a administração pública, mesmo depois de ter participado de 26 aprovações de orçamento.

Será que isso aqui é dinheiro carimbado?

A imagem acima foi retirada da última Lei orçamentária aprovada, caso alguém queira mais detalhes está disponível aqui

MAIS BRASIL, MENOS BRASÍLIA

Brasília não pode ser o objetivo final de um governo. Quase 99% da população vive nos outros 5.570 municípios do Brasil.
Os ministros passam a ser executivos em suas respectivas áreas, com a missão de coordenar esforços de governadores, prefeitos e seus secretários para o atingimento de metas claras.
Nas últimas décadas, o Governo Federal concentrou a arrecadação de tributos, criando burocracia e ineficiência para controlar os entes federados. Queremos uma Federação de verdade. Os recursos devem estar próximos das pessoas: serão liberados automaticamente e sem intermediários para os prefeitos e governadores. As obras e serviços públicos serão mais baratos e com maior controle social.

UM GOVERNO QUE CONFIA NOS BRASILEIROS!
Chega de carimbos, autorizações e burocracias. A complexidade burocrática alimenta a corrupção. Faremos um Governo que confiará no cidadão, simplificando e quebrando a lógica que a esquerda nos impôs de desconfiar das pessoas corretas e trabalhadoras. Não continuaremos a tratar a exceção como regra, o que prejudica a maioria dos seguidores da lei.
O GOVERNO VAI CONFIAR NOS INDIVIDUOS!
O GOVERNO RECUARÁ, PARA QUE OS CIDADÃOS POSSAM AVANÇAR!

Neste trecho, Bolsonaro (ou seja lá quem escreveu isso pra ele, futuramente teremos razões pra duvidar que ele sequer leu esse documento) induz o leitor ao erro de associar automaticamente os controles à burocracia. O auge desse trecho é a frase “Faremos um Governo que confiará no cidadão, simplificando e quebrando a lógica que a esquerda nos impôs de desconfiar das pessoas corretas e trabalhadoras. Não continuaremos a tratar a exceção como regra, o que prejudica a maioria dos seguidores da lei”. Seguidores da lei assim como o Paulo Guedes, que ganhou uma nota preta com uma fraude na bolsa de valores?

Essa liberalização pregada por Bolsonaro nada mais é do que o enfraquecimento dos instituições de fiscalização e controle. Se já há corrupção com todos os mecanismos de hoje, o que será de nós sem eles? Claro que teremos mais corrupção, será terra de ninguém! O próximo passo seria vir a público e dizer ‘ain, tem muita corrupção no setor público, acho melhor a gente privativar…’. Bem-vindos ao tenebroso mundo do Estado mínimo.

E a tendência é piorar…

 

Esse texto é parte de uma série. Não deixe de ver os nossos outros textos sobre o tema:

Introdução
Parte 1: “O Brasil livre”
Parte 2: “Mais Brasil, menos Brasília
Parte 3: Estrutura e gestão
Parte 4: Linhas de ação
Parte 5: Mentiras da esquerda
Parte 6: Defesa nacional
Parte 7:  Saúde
Parte 8: Educação (EM BREVE)
Parte 9: Inovação, ciência e tecnologia (EM BREVE)
Parte 10: Economia (EM BREVE)
Parte 11: Economia 2 (EM BREVE)
Parte 12: Economia 3 (EM BREVE)
Parte 13: Economia 4 (EM BREVE)
Parte 14: Economia 5 (EM BREVE)
Parte 15: Agricultura e Infraestrutura (EM BREVE)
Parte 16: Energia, petróleo e gás (EM BREVE)
Parte 17: Tranportes, portos e aviação (EM BREVE)
Parte 18: O novo Itamaraty (EM BREVE)

Guia de sobrevivência ao almoço de domingo – Parte 2: “Mais Brasil, menos Brasília”

Tempo de leitura: 6 minutos

E aí, curtiu a primeira parte? Então simbora seguir a análise dessa bela obra (no sentido informal da palavra) de Bolsonaro.

“A NOVA FORMA DE GOVERNAR! MAIS BRASIL, MENOS BRASÍLIA”

2019 SERÁ O ANO DA MUDANÇA
NOSSA VITÓRIA SERÁ CONTRA A SERVIDÃO!
Faremos os ajustes necessários para garantir crescimento com inflação baixa e geração de empregos.
Enfrentaremos os grupos de interesses escusos que quase destruíram o país.
Após 30 anos em que a esquerda corrompeu a democracia e estagnou a economia, faremos uma aliança da ordem com o progresso: um governo Liberal Democrata.
Segurança, Saúde e Educação são nossas prioridades. Tolerância ZERO com o crime, com a corrupção e com os privilégios.

Aqui volta uma jogada bastante malandra que é fingir que declarou guerra a um inimigo mas deixar esse oponente simplesmente sem nome. Afinal, quem são os “grupos de interesses escusos” que Bolsonaro pretende enfrentar? A Odebrecht? A Coca-Cola? O PCC? A associação de moradores do meu bairro? Fica a seu critério aí; imagine um inimigo e concorde comigo.

Talvez o ex-militar esteja tão confiante nas habilidades econômicas de seus ajudantes nessa campanha que esteja ficando desleixado até com as mais simples das operações matemáticas. Só isso explica o candidato dizer que a esquerda vem “corrompendo a democracia” há 30 anos. Eu tive que apelar para a Wikipedia pra descobrir quem eram os manda-chuvas da época: em 1988 o presidente era José Sarney, o presidente da Câmara era Ulysses Guimarães e no Senado quem presidia era Humberto Lucena, os três partidários do PMDB (nenhuma surpresa aqui). A gente nem precisa analisar a biografia dos 3 pra chegar à conclusão que o governo não era um antro de esquerdistas. Depois deles ainda vieram Collor, Itamar, FHC… Digamos que nenhum deles estamparia camisas com a cara do Che Guevara.

Mas então de onde diabos Bolsonaro tirou essa conta de 30 anos?

Sabe outra coisa que também é de 1988? A nossa Constituição, que restabeleceu plenamente o governo civil. Significa? Vou deixar pra você o julgamento.

“TUDO SERÁ FEITO DENTRO DA LEI”

NOSSA CONSTITUIÇÃO PRECISA SER RESPEITADA!
Mesmo imperfeita, Nossa Constituição foi feita por representantes eleitos pelo povo.
Ela é a LEI MÁXIMA E SOBERANA DA NAÇÃO BRASILEIRA.
Lamentavelmente, Nossa Constituição foi rasgada nos últimos anos, inclusive por muitos que deveriam defendê-la.
Nosso conjunto de Leis será o mapa e a BÚSSOLA serão os princípios liberais democratas para navegarmos no caminho da prosperidade. Enfrentaremos o viés totalitário do Foro de São Paulo, que desde 1990 tem enfraquecido nossas instituições democráticas.

Quem rasgou a Constituição? Quando? Em que ocasião? Será que em algum momento Bolsonaro vai parar com essa palhaçada de ficar dando indiretinha?

Ah, o Foro de SP… Demorou, mas enfim começou a maluquice, vamos lá. Pra começar, é bem curioso o jeito como setores da direita tratam o FSP como se fosse uma seita secreta comparável ao Opus Dei e não como se fosse uma confederação com site próprio, e um papel bem claro e definido: “O Foro de São Paulo reúne partidos progressistas, nacionalistas, socialistas e comunistas. Há basicamente dois pontos em comum entre estes partidos: lutar pela integração regional e combater o neoliberalismo”, como afirma sem pestanejar Valter Pomar em entrevista. Mas se tudo é tão às claras assim, então qual é a comoção? Simples, o lance é gerar um espantalho. Fica fácil bater em uma organização que apesar de aberta é pouco conhecida e que não faz o mínimo esforço de se admitir de esquerda.

“DESAFIOS URGENTES”

CONTRA a criminalidade, corrupção e aparelhamento do Estado para estancar os estragos e iniciar o processo de recuperação do país, da economia e da Democracia.
• Mais de 62 mil homicídios por ano.
• Mais de UM MILHÃO de brasileiros foram assassinados desde a 1ª reunião do Foro de São Paulo.
• Epidemia de crack, introduzido no Brasil pelas filiais das FARC.
• Corrupção generalizada e ameaças às instituições que a estão combatendo.
• Infraestrutura insuficiente e deteriorada.
• Educação e saúde à beira do colapso.
• 13 milhões de desempregados, oficialmente.
• Desrespeito às leis, à vida, à propriedade privada e à Constituição Brasileira!

Vamos por partes: A primeira frase só diz o óbvio, ou alguém aí é a favor da corrupção? A segunda frase só mostra um dado. Não dá pra dizer nada a partir dela. É na terceira que a coisa fica divertida; ela é o que costumamos chamar de Correlação Espúria  e tem até um site só disso em inglês. A grande maluquice dele é traçar uma relação entre dois dados que não têm nada a ver um com o outro. Aqui vai um vídeo bem simples e educativo sobre essas correlações.

Bem, explicado esse ponto, cabe mais um esclarecimento sobre o texto acima, que mostra que tão importante quanto O QUE está sendo dito é também COMO e ONDE isso está acontecendo. A quarta frase fala sobre o crack ter sido “introduzido no Brasil pelas filiais das FARC”. Bem, essa frase é complicada, porque a afirmação ainda não é um consenso entre os especialistas. Tudo leva a crer que facções criminosas brasileiras tenham estreitado relações com as FARC que, com a sua produção COLOSSAL de cocaína, abasteceu o mercado brasileiro. O problema não está na frase; onde está então?

O problema está em onde esta frase foi colocada, logo abaixo da frase sobre o Foro de São Paulo. Quando paramos de analisar frase a frase e passamos a ver o todo, a impressão que o texto dá é que a introdução do crack foi uma consequência direta da reunião das esquerdas. Além de ser mais um exemplo de correlação espúria, também beira a sacanagem.

No mais, nada a comentar. Deixemos a defesa da propriedade privada para discutirmos mais além.

“UM BRASIL EM ROTA FISCAL EXPLOSIVA!”

LIBERALISMO ECONÔMICO
As economias de mercado são historicamente o maior instrumento de geração de renda, emprego, prosperidade e inclusão social. Graças ao Liberalismo, bilhões de pessoas estão sendo salvas da miséria em todo o mundo.
Mesmo assim, o Brasil NUNCA adotou em sua História Republicana os princípios liberais. Ideias obscuras, como o dirigismo, resultaram em inflação, recessão, desemprego e corrupção.
O Liberalismo reduz a inflação, baixa os juros, eleva a confiança e os investimentos, gera crescimento, emprego e oportunidades.
Corruptos e populistas nos legaram um déficit primário elevado, uma situação fiscal explosiva, com baixo crescimento e elevado desemprego. Precisamos atingir um superávit primário já em 2020.
Nossa estratégia será adotar as mesmas ações que funcionam nos países com crescimento, emprego, baixa inflação, renda para os trabalhadores e oportunidades para todos.

O liberalismo está salvando bilhões de vidas, curiosamente quase todas no hemisfério norte. E isso tem um preço alto, que é a maximização de lucros e consequente exploração da massa trabalhadora até o limite e quiçá, além dele. Estou exagerando? Não me parece exagero quando uma fábrica tem 200 tentativas de suicídio por ano e ao invés de dar condições de trabalho aos seus trabalhadores opta por instalar redes de proteção e fazer um termo em que tira a responsabilidade da empresa em caso de suicídio.

Sobre os outros pontos citados, eu deixo a palavra com o excelente professor Daniel Souza, que entende mais de economia do que eu entenderei na minha vida inteira.

“O PROBLEMA É O LEGADO DO PT DE INEFICIÊNCIA E CORRUPÇÃO”

Está previsto pelo atual governo que para 2019 o Brasil terá déficit primário de R$ 139 bilhões, que tentaremos reduzir rapidamente. Temos o objetivo de equilibrar as contas públicas no menor prazo possível, buscando um superávit primário que estabilize a relação dívida / PIB. O desafio inicial também será organizar e desaparelhar as estruturas federais, O déficit nominal de 2019, que inclui os juros da dívida, é previsto em R$ 489,3 bilhões (6,5% do PIB). O valor das renúncias tributárias é de R$ 303,5 bilhões (19% da arrecadação). O déficit dos regimes de Previdência Social está previsto em R$ 288,3 bilhões.

Aqui constam apenas dados, nao há muito o que comentar. Só vou deixar uma coisinha aqui: GOVERNO NÃO TEM QUE DAR LUCRO.

“O BRASIL É MAIOR QUE NOSSOS PROBLEMAS”

Apesar do momento difícil, é importante não esquecer que SOMOS MUITO MAIS
FORTES que todos esses problemas.
O Brasil passará por uma rápida transformação cultural, onde a impunidade, a corrupção, o crime, a “vantagem”, a esperteza, deixarão de ser aceitos como parte de nossa identidade nacional, POIS NÃO MAIS ENCONTRARÃO GUARIDA
NO GOVERNO.
Importante mencionar novamente: As leis e, em destaque, Nossa Constituição serão
nossos instrumentos! Ninguém será perseguido, todos terão seus direitos respeitados.
Todavia, investigações não serão mais atrapalhadas ou barradas.
A Justiça poderá seguir seu rumo sem interferências políticas e isso deverá acelerar as
punições aos culpados

Outro slide bem sem sal pra comentar. Aqui Bolsonaro promete que em 4 anos acontecerá uma revolução cultural em que várias coisas dadas como intrínsecas ao dia-a-dia do brasileiro vão deixar de existir. Quer um spoiler? Não vai acontecer. 21 anos de ditadura militar não acabaram com nada disso, pelo contrário: reforçaram que a farda tinha força para executar coisas que até então não eram possíveis, ou seja, a “vantagem” vestiu um uniforme.

Esse capítulo foi meio xoxo de verificar. Esperamos que as coisas melhorem na parte 3.

 

Esse texto é parte de uma série. Não deixe de ver os nossos outros textos sobre o tema:

Introdução
Parte 1: “O Brasil livre”
Parte 2: “Mais Brasil, menos Brasília”
Parte 3: Estrutura e gestão
Parte 4: Linhas de ação
Parte 5: Mentiras da esquerda
Parte 6: Defesa nacional
Parte 7:  Saúde
Parte 8: Educação (EM BREVE)
Parte 9: Inovação, ciência e tecnologia (EM BREVE)
Parte 10: Economia (EM BREVE)
Parte 11: Economia 2 (EM BREVE)
Parte 12: Economia 3 (EM BREVE)
Parte 13: Economia 4 (EM BREVE)
Parte 14: Economia 5 (EM BREVE)
Parte 15: Agricultura e Infraestrutura (EM BREVE)
Parte 16: Energia, petróleo e gás (EM BREVE)
Parte 17: Tranportes, portos e aviação (EM BREVE)
Parte 18: O novo Itamaraty (EM BREVE)

Guia de sobrevivência ao almoço de domingo

Tempo de leitura: 2 minutos

Longe de mim defender Ciro Gomes; o cara é tão problemático que uma fala dele rendeu o nosso episódio número 2 sobre racismo, mas tem horas que a gente tem que concordar. Quando Ciro criticou o que chamou de “esquerda intelectual” dizendo que estavam “voando para os problemas do Brasil”, ele tinha um ponto. Veja bem, eu não disse que ele tinha razão, disse que ele tinha um ponto.

De fato parece haver algum descolamento entre algumas pautas e a grande base de sustentação do povo brasileiro, e isso fica muito evidente pra mim principalmente nos discursos anti-Bolsonaro. O enfrentamento de certas pautas dele se dá de uma forma que não fica exatamente clara pro eleitor mais alienado, praquele cara que não tava acompanhando o notíciário com atenção nos últimos tempos e só agora passa a tentar entender o que tá pegando, afinal falta pouco tempo para as eleições.

Que tal uma ajudinha?

Pensando nisso eu pretendo trazer aqui algumas explicações da forma mais didática possível mas sem acabar no tom professoral. Tentar explanar de um jeito simples cada ponto da plataforma do dito cujo respeitando a intelectualidade de você que lê este texto. Não vou te tratar como criança e vou tentar evitar empregar aquele monte de termo que simplesmente não está no dia-a-dia do trabalhador. Sejamos simples e diretos.

Se você é uma daquelas pessoas que já têm uma boa bagagem mas simplesmente travam quando precisam discutir com um eleitor do Bolsonaro em potencial e assim acaba não conseguindo convencê-lo de não fazer essa burrada, então considere esse documento como um pequeno guia de consulta rápida. Deixe nos favoritos do seu celular; a chance de você precisar dele no próximo almoço de domingo em família é bem alta. Procurei separar entre os temas justamente para facilitar a consulta.

Para que ninguém possa dizer que estamos sendo desonestos, todas as frases do plano de governo de Bolsonaro estarão transcritas na íntegra. Nesta pequena série (separada pra não assustar com o tamanho do texto) vou tentar deixar isso mais claro. Esse é um documento que inicialmente reflete única e exclusivamente a minha visão. Espero que gostem.

Parte 1: “O Brasil livre”
Parte 2: “Mais Brasil, menos Brasília”
Parte 3: “Estrutura e gestão”
Parte 4: “Linhas de ação”
Parte 5: “Mentiras da esquerda”
Parte 6: Defesa nacional
Parte 7:  Saúde
Parte 8: Educação (EM BREVE)
Parte 9: Inovação, ciência e tecnologia (EMBREVE)
Parte 10: Economia (EM BREVE)
Parte 11: Economia 2 (EM BREVE)
Parte 12: Economia 3 (EM BREVE)
Parte 13: Economia 4 (EM BREVE)
Parte 14: Economia 5 (EM BREVE)
Parte 15: Agricultura e Infraestrutura (EM BREVE)
Parte 16: Energia, petróleo e gás (EM BREVE)
Parte 17: Tranportes, portos e aviação (EM BREVE)
Parte 18: “O novo Itamaraty” (EM BREVE)

 

Guia de sobrevivência ao almoço de domingo – Parte 1: “O Brasil livre”

Tempo de leitura: 7 minutos

Lá vamos nós começar essa jornada pelos argumentos mais malucos do ano. Tudo o que estiver em cinza é um citação direta ao programa de Bolsonaro; as exclamações e os textos em letra maiúscula são de responsabilidade dele.

“O BRASIL LIVRE”

Propomos um governo decente, diferente de tudo aquilo
que nos jogou em uma crise ética, moral e fiscal. Um
governo sem toma lá-dá-cá, sem acordos espúrios. Um
governo formado por pessoas que tenham compromisso
com o Brasil e com os brasileiros. Que atenda aos
anseios dos cidadãos e trabalhe pelo que realmente faz a
diferença na vida de todos.
Um governo que defenda e resgate o bem mais precioso
de qualquer cidadão: a Liberdade. Um governo que
devolva o país aos seus verdadeiros donos: os
brasileiros.

 

Aqui logo no início já temos um bom material pra trabalhar, repare:

Quando Bolsonaro joga essas frases dessa forma não há NADA sendo dito. “Ué, como assim nada sendo dito? Ele está dizendo que vai romper com o que temos hoje”.

Pois é, esse é o problema. A frase foi construída de uma forma que você lê nela o que você quiser. Um antipetista lê a parte que diz “governo sem toma lá-dá-cá, sem acordos espúrios” e pensa logo no governo Dilma. Eu leio a mesma frase e penso logo em Temer e seus comparsas. Como pode isso se a frase é a mesma?

Essa é a jogada: ele não se declarou inimigo de nenhum dos dois, quem fez a associação foi você. Não passa de um truque, a jogada é mandar no início uma frase impossível de ser contra e assim fazer o leitor baixar a guarda. Depois você vem com a parte que importa, e essa é que é a perigosa.

“VALORES E COMPROMISSOS”

O FRUTO DA VIDA É SAGRADO!
• Este é um país de todos nós, brasileiros natos ou de coração. Um Brasil de diversas opiniões, cores e orientações.
• As pessoas devem ter liberdade de fazer suas escolhas e viver com os frutos dessas escolhas, desde que não interfiram em aspectos essenciais da vida do próximo.
• Os frutos materiais dessas escolhas, quando gerados de forma honesta em uma economia de livre iniciativa, têm nome: PROPRIEDADE PRIVADA! Seu celular, seu relógio, sua poupança, sua casa, sua moto, seu carro, sua terra são os frutos de seu trabalho e de suas escolhas! São sagrados e não podem ser roubados, invadidos ou expropriados!
• Os frutos de nossas escolhas afetivas têm nome: FAMÍLIA! Seja ela como for, é sagrada e o Estado não deve interferir em nossas vidas.

Vamos começar analisando textualmente (e com isso eu já nem quero discutir a escolha de tratar pautas como frases soltas pontuadas). Falar sobre o “fruto da vida” remete a uma posição contra a legalização do aborto; mais uma vez Jair opta por dizer as coisas nas entrelinhas. Ele parece ter um problema em assumir textualmente as posições que defende abertamente quando está com um microfone na mão. A nossa posição sobre o aborto você pode conferir neste ótimo texto da Leticia. Ah, você notou que no ponto onde ele fala de toda a diversidade brasileira ele “acidentalmente” não cita que temos várias religiões? Curioso, não? Acho que eu não preciso dizer a razão disso, né?

A terceira e a quinta frase têm composições curiosas que valem a pena conferir juntas. Uma fala sobre a liberdade do indivíduo, a outra sobre a instituição da família, a qual segundo ele o Estado não deveria impor nenhum obstáculo. Ora, uma vez que o Estado não deve ser um empecilho à família e o indivíduo deve ter total liberdade, por que o casamento entre pessoas do mesmo sexo causa tanto incômodo ao candidato? Foi ele mesmo que escreveu “seja como ela for“. Se ele está disposto a não criar caso contra o casamento gay, lésbico, famílias não-monogâmicas e toda a sorte de diversidade que a total liberdade individual gera, então estamos juntos, mas claro que sabemos que não é o caso. Será que ele leu o próprio programa?

“LIBERDADE E FRATERNIDADE!”

• Quebrado o atual ciclo, com o Brasil livre do crime, da corrupção e de ideologias perversas, haverá estabilidade, riqueza e oportunidades para todos tentarem buscar a felicidade da forma que acharem melhor.
• Liberdade para as pessoas, individualmente, poderem fazer suas escolhas afetivas,
políticas, econômicas ou espirituais.
• Devemos ser fraternos! Ter compaixão com o próximo. Precisamos construir uma sociedade que estenda a mão aos que caírem. Escolhas erradas ou tropeços fazem parte da vida. Ajudar o próximo a se levantar nos diferencia como humanos.
• Mais importante: uma Nação fraterna e humana, com menos excluídos, é mais forte. Há menos espaço para populistas e suas mentiras. O Brasil precisa se libertar dos corruptos. O povo brasileiro precisa ser livre de VERDADE!

OK, eu tô começando a ficar incomodado. Estamos no terceiro slide e é a terceira vez que temos a palavra “liberdade”, o que é bem duvidoso quando se é o único postulante ao cargo que defende abertamente o regime que acabou com a liberdade de expressão com o AI-5. O cara tem a cara de pau de colocar no programa de governo dele que o que nos torna humanos é a virtude de ajudar quem fez escolhas erradas, mas ele próprio quer tratar bandidos a bala, desacreditando assim qualquer meio que uma pessoa possa ter de se reabilitar depois de ter cometido algum crime. Hipocrisia pouca é bobagem. Se é essa solidariedade que nos torna humanos, o que esse pensamento o torna?

Nenhuma outra parte do texto é digna de nota. O resto é só informação tirada do rabo e um caminhão de moral cristã (não que seja um defeito, mas eu esperava mais do que isso de quem pretende governar um país).

DIREITOS E DEVERES

• A forma de mudarmos o Brasil será através da defesa das leis e da obediência à Constituição, Assim, NOVAMENTE, ressaltamos que faremos tudo na forma da Lei!
• Qualquer forma de diferenciação entre os brasileiros não será admitida.
• Todo cidadão terá seus direitos preservados.
• Todo cidadão, para gozar de seus plenos direitos, deve obedecer às leis e cumprir com seus deveres (não matar, não roubar, não participar de falso testemunho, não sonegar impostos, etc.).
• Qualquer pessoa no território nacional, mesmo não sendo cidadã brasileira , tem direitos inalienáveis como ser humano, assim como tem o dever de obedecer as leis do Brasil.

Esse aqui vai ser rápido de analisar. Você leu o texto? Tem alguma coisa ali que é novidade? “Todo cidadão terá os seus direitos preservados”. Porra, isso é o mínimo que eu espero! Esse slide é totalmente irrelevante.

“IMPRENSA LIVRE E INDEPENDENTE

• Somos defensores da Liberdade de opinião, informação, imprensa, internet, política e religiosa!
• Liberdade das pessoas e de suas famílias em poder escolher os rumos da vida na contínua busca da felicidade!
• Somos contra qualquer regulação ou controle social da mídia.
• A Liberdade é o caminho da prosperidade. Não permitiremos que o Brasil prossiga no caminho da servidão.
• Nosso povo deve ser livre para pensar, se informar, opinar, escrever e escolher seu futuro.

Lá vem mais uma contradição do candidato. A mesma pessoa que é contra qualquer regulação da mídia é a que mais pede a remoção de páginas na internet. E aí? Devemos acreditar no Bolsonaro dos slides ou no das ações? Papel aceita tudo.

Será que alguém pode me explicar o motivo da segunda frase? Tem algum candidato que é contra as famílias que buscam felicidade? Gente, essa frase totalmente genérica é bem legal pra você colocar no rodapé daquela foto de pôr-do-sol no Instagram, MAS ISSO AQUI É UM PROGRAMA DE GOVERNO!

A NOSSA BANDEIRA É VERDE-AMARELA

• Nos últimos 30 anos o marxismo cultural e suas derivações como o gramscismo,
se uniu às oligarquias corruptas para minar os valores da Nação e da família
brasileira.
• Queremos um Brasil com todas as cores: verde, amarelo, azul e branco.
PRECISAMOS NOS LIBERTAR!
VAMOS NOS LIBERTAR!

Essa daqui é a que mais me tirou do sério e é por isso que finalizamos a parte 1 por aqui. O tal “marxismo cultural” é uma teoria da conspiração requentada a partir de um tal de “bolchevismo cultural” que fazia relativo sucesso na Itália da década de 30. Lembra o que rolava na Itália dessa época? Isso mesmo, um tal de Fascismo.

Claro que você não precisa acreditar em mim, e é por isso que esse que é um tema muito sério precisa de melhores referências, então eu deixo aqui um techo traduzido de um excelente texto de Jason Wilson no jornal inglês The Guardian, que está longe de ser comunista:

A teoria do marxismo cultural também é claramente antissemita, baseando-se na idéia dos judeus como uma quinta coluna sabotando a civilização ocidental de dentro, uma visão racista que tem uma história mais longa do que o marxismo. Como os Protocolos dos Sábios de Sião, a teoria foi fabricada propositalmente, para uma finalidade especial: a instituição e a perpetuação da guerra cultural. Podemos até nomear um autor para essa loucura: William S Lind, um polemista da direita americana, que procurou colocar o ativismo de direita em um novo patamar quando a Guerra Fria chegou ao fim.

Caso você tenha meia horinha sobrando, ouça a ótima análise do tal “marxismo cultural” feita pelo Carapanã para o Podcast Viracasacas.

Nesse momento você deve estar pensando “mas se é só uma teoria da conspiração então deixa isso pra lá, não fica dando palco pra isso”. Olha, eu adoraria, meu caro leitor, mas tem gente que realmente acredita nisso, e talvez um dos mais célebres seja esse cara aqui.

Anders Breivik matou 77 pessoas em julho de 2011

A crença no tal marxismo cultural fez com que esse cara armasse 2 explosões e um ataque armado matando 77 pessoas. Em seu julgamento ele fez questão de fazer a saudação nazista e pediu desculpas aos outros extremistas por ter sido pego antes de matar mais gente. Essa alucinação de pessoas extremistas é literalmente mortal. Tudo de que o Brasil não precisa é um candidato a presidente que incentive delírios como esse.

 

Esse texto é parte de uma série. Não deixe de ver os nossos outros textos sobre o tema:

Introdução
Parte 1: “O Brasil livre”
Parte 2: “Mais Brasil, menos Brasília
Parte 3: “Estrutura e gestão”
Parte 4: Linhas de ação
Parte 5: Mentiras da esquerda
Parte 6: Defesa nacional
Parte 7:  Saúde
Parte 8: Educação (EM BREVE)
Parte 9: Inovação, ciência e tecnologia (EM BREVE)
Parte 10: Economia (EM BREVE)
Parte 11: Economia 2 (EM BREVE)
Parte 12: Economia 3 (EM BREVE)
Parte 13: Economia 4 (EM BREVE)
Parte 14: Economia 5 (EM BREVE)
Parte 15: Agricultura e Infraestrutura (EM BREVE)
Parte 16: Energia, petróleo e gás (EM BREVE)
Parte 17: Tranportes, portos e aviação (EM BREVE)
Parte 18: O novo Itamaraty (EM BREVE)

Por favor, não seja essa pessoa

Tempo de leitura: 5 minutos

O sempre ótimo André Dahmer descrevendo com precisão o nosso tempo atual.

Meu marido tem um amigo absolutamente odioso. Quando nos conhecemos, ao saber que eu era brasileira ele pediu que eu apresentasse uma amiga piranha a ele; sente o nível. Já bateu na ex-mulher, perde dinheiro no jogo naquelas maquininhas de bar, não quer carteira assinada pra poder pagar menos pensão alimentícia à ex-mulher, dá Coca-Cola pro filho desde que ele tava aprendendo a andar, não usa cinto de segurança. Uma pessoa absolutamente odiosa.

Uma vez comentei com meu sogro como eu acho esse cara péssimo. A resposta dele: mas ele é um “gran lavoratore” – ele trabalha duro, não é preguiçoso.

Na minha cabeça só vem aquele desespero – COMO ASSIMMMMMMMMM – porque um cara que bateu na ex-mulher e encontra meios de pagar menos pensão pode trabalhar duro (trabalha), ser lindo e maravilhoso (não é), cheiroso (não é), dirigir super bem (não), ser super inteligente (marromeno), ser culto (não é), não ter chulé (não sei), não roncar (também não sei), cozinhar bem (cozinha), falar várias línguas (não fala), ajudar velhinha a atravessar a rua (não ajuda) – cara, NADA DISSO (NA-DA-DIS-SO) compensa o fato dele ser uma pessoa merda. Absolutamente nada.

Anos atrás o Berlusconi ganhou eleições depois de prometer ao povo que cortaria o IPTU. Ganhou. Cortou o IPTU. Prefeituras se viram do dia pra noite sem receita pra asfaltar ruas, trocar lâmpadas de postes, consertar sinais de trânsito quebrados, pintar as paredes das escolas.

Hoje um amigo médico postou um vídeo do Bolsomerda falando sobre a Revalida e coisa e tal. Uma querida amiga médica, que admitiu estar mal informada em termos de política, disse que pelo menos isso era uma coisa boa, não?

Então. O negócio é o seguinte: votar num fulano que promete coisas somente pra sua classe ESTÁ ERRADO. A gente tem que votar em quem tem propostas pra TODO MUNDO, caralho. Adianta você estar super bem e todo mundo ao seu redor estar na merda?

MERDA RESPINGA

MERDA RESPINGA

MERDA RESPINGA

Quando todo mundo em volta de você está na merda, essa merda em algum momento vai chegar em você. Não tenha a menor dúvida disso. Pode ser sob forma de um trânsito escroto – você não tá apertado no ônibus passando calor e levando encoxada do grandíssimo saco de merda que sabe que pode abusar porque nada vai lhe acontecer por motivos de: patriarcado do caralho, mas por outro lado tá perdendo horas da sua vida parado no trânsito ouvindo música de qualidade duvidosa – dica: se ouvisse podcast já seria menos pior. Pode ser sob forma de uma epidemia qualquer porque o governo não tem mais dinheiro pra distribuir vacinas – você e seus filhos estão vacinados, mas a Carol também tava vacinada e quase certamente teve sarampo quando era pequena. Forma branda, mas né? Desnecessauro. Pode ser sob forma de pivete que vai te assaltar na esquina porque ele não tá na escola, na escola não tem comida, não tem ventilador, os professores faltam, não tem material, então ele não vai. Pode ser sob forma de não poder ir pro churrasco na casa do amigo do outro lado da cidade porque você não vai passar em frente à favela no seu carrão importado sozinha com seu filho na cadeirinha no banco de trás, né? Não esquece de abaixar o pino da porta e de fechar os vidros, por sinal. Pode ser sob forma de sair do carro e receber na cara aquele fedor de uma cidade imunda, ou de torcer o pé na calçada cujas pedras portuguesas nunca foram consertadas, pode ser de inúmeras maneiras. A merda VAI CHEGAR EM VOCÊ, acredita na tia. Detalhe que todos esses argumentos que eu tô dando partem do pressuposto que você não se incomoda com a merda maior, que é saber que tem gente passando fome, morando na rua, pegando 3 conduções pra ir trabalhar, dormindo na frente da escola pra garantir vaga pro filho. Parto do pressuposto que essas coisas não te incomodam tanto quanto ficar preso no trânsito no ar condicionado do seu carro, porque infelizmente a classe média raciocina assim.

Não seja essa pessoa. Não seja a pessoa que cogita a possibilidade de votar em um cara que, além de ser totalmente despreparado e claramente incompetente, está sendo acusado de apologia ao estupro. E sim, foi apologia ao estupro; para e pensa, caralho. Um cara que saudou um torturador. Bicho, não importa o quanto você odeie a Dilma: se você acha que ela mereceu ser torturada, se você acha que um cara que enfiava canos e por ele enfiava ratos na vagina de mulheres merece qualquer coisa além da boa e velha guilhotina, por favor para de falar comigo, porque você é um merda. Se você acha que um cara que disse – porque tem gravado, não é fake news, não é distorção dos fatos – que fez três filhos homens, na quarta fraquejou e saiu menina (FRAQUEJOU E SAIU MENINA, CARALHOS FLAMEJANTES, CÊS NUM TÊM IDEIA DO ÓDIO QUE EU SINTO DESSE MERDA CADA VEZ QUE EU PENSO NOVAMENTE NESSA FALA DELE) merece seu voto, das duas, uma: ou você é conivente, e portanto um merda, ou você não parou pra pensar direito na coisa. Nem vou apelar pro argumento genérico de que todas as mulheres precisam ser respeitadas; vamos pro pessoal, que é a única coisa que costuma resolver com brasileiro: você gostaria que alguém falasse assim da sua mãe, da sua filha, da sua irmã, da sua esposa? Que ela nasceu porque o pai dela fraquejou? Você concorda que ela tem que ganhar menos do que um homem com iguais qualificações porque um dia ela pode engravidar? Você concorda que se ela for feia não merece ser estuprada (o que, do ponto de vista da lógica, significa que se ela for bonita, merece ser estuprada)? Você acha MESMO que essa pessoa merece o seu voto?

Eu não votaria nessa pessoa desprezível e asquerosa, nesse grandíssimo saco de merda, nem que ele fosse o melhor administrador do mundo – coisa que por sinal ele obviamente não é. É um bosta, um incompetente, um imbecil que mama nas tetas do governo há VINTE E FUCKING SETE ANOS sem aprovar uma caceta de um projeto decente, sem realizar nada, sem fazer absolutamente nada de útil, um grandíssimo saco de merda (doravante abreviado como GSM) que botou os filhos pra mamar nas tetas públicas também e tá metido em uma porção de falcatruas de vários tipos que seus eleitores ruminantes insistem em desmerecer.

Quando você vota numa pessoa desprezível do ponto de vista moral, você é conivente com essa falta de moralidade. Você ajuda a dar legitimidade a uma série de comportamentos absolutamente execráveis, porque afinal de contas se o seu líder faz, por que todos não deveriam se sentir no direito de fazer também? Quando você vota num GSM que acha que armar a população é uma boa ideia, o sangue de todo mundo que vai morrer, além do número já absurdo de homicídios totalmente idiotas que já temos, como gente atirando nos outros no trânsito, na boate, no caralho a quatro, vai estar nas suas mãos. Quando você vota num GSM que escolheu um FUCKING GENERAL como vice, um bosta que diz que índios são indolentes e negros são malandros, você tá contribuindo pra aumentar ainda mais o preconceito, o racismo, o sofrimento das minorias. (Depois não reclame se eles se rebelarem. Não confunda a reação do oprimido com a violência do agressor, tá?)

Não seja essa pessoa. Não vote no GSM 1, o Bozo. Não vote no GSM 2, o ladrão de merenda que vai vender o país a preço de banana, o que vai transformar isso aqui numa verdadeira república das bananas estilo América Central. Um dia vocês vão acordar e achar que estão na Nicarágua. Dica: a Nicarágua não é legal.

Não seja a pessoa que a semanas das eleições não tem a menor ideia do que está acontecendo. Informe-se. O momento é crítico e não podemos nos dar ao luxo de estar com a cabeça nas nuvens e desperdiçar nossos votos. Nunca o futuro do país esteve tão em jogo quanto nessas eleições.

Não seja essa pessoa.

Roda viva, o tiro no pé que não deveria mas ainda espanta

Tempo de leitura: 4 minutos

Entre a infinidade de péssimas ideias que eu tenho o costume de ter, talvez a mais idiota tenha sido criar um fake pra monitorar a extrema direita e olha, fui ver depois do Roda Viva do Bolsonaro e não tem boa notícia lá não…

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