Guia de sobrevivência ao almoço de domingo – Parte 6: Defesa nacional
Olá, amiguinhos, estamos de volta para mais uma parte da análise do plano de governo de Bolsonaro. O último, além de ficar longo, deu um puta trabalho pra levantar os dados, então esse aqui vai ser um pouco mais curto e vai ter muita lição de história.
DEFESA NACIONAL
Garantia da Lei e da Ordem
Dentre instituições, grupos, pessoas ou atividades, que tiveram sua imagem atacada pela doutrinação ideológica de esquerda, certamente as Forças Armadas do Brasil estão entre as que mais sofreram.
Houve clara intenção de desconstruir a imagem desta espinha dorsal da Nação, afinal, elas são o último obstáculo para o socialismo.
Saliente-se que as Forças Armadas do Brasil tem uma História que nos orgulha. Por exemplo, heróis brasileiros lutaram contra o Nacional Socialismo na Segunda Guerra Mundial. Fomos o único país da América Latina a lutar contra os Nazistas. Posteriormente, outros heróis impediram a tomada do poder por forças de esquerda que planejavam um golpe comunista no Brasil em 1964, conforme o editorial: Julgamento da Revolução – O GLOBO, 7 de outubro de 1984.
Atualmente, a Nação olha para as Forças Armadas como garantia contra a barbárie.
Bolsonaro cita uma suposta difamação da imagem dos militares por um conceito muito vago de esquerda. Uma pena que seja lá onde ele estudou deve ter dormido nas aulas de história. Vamos recapitular?
- 12/11/1823, a “Noite da Agonia”: Quando Karl Marx tinha apenas 5 anos e o Brasil apenas 1 ocorreu o primeiro golpe da pátria independente. Dom Pedro I ordenou um cerco e a prisão e exílio dos deputados constituintes liberais, formando logo depois um novo conselho composto apenas por conservadores da sua confiança. A quem foi ordenada tal atitude golpista? A eles, claro, os militares.
- 23/07/1840, o Golpe da Maioridade: 34 anos do nosso bom velhinho terminar O Capital, lá estava o Brasil metido em outro rolo. Dom Pedro I abdicou do trono, seu filho ainda cheirarava a leite e a briga entre liberais e conservadores estava no auge. Em suma, fizeram a cabeça do moleque pra assumir logo e às favas a Constituição, que só permitiria a ascensão ao trono após os 18 anos completados.
- 15/11/1889, a Proclamação da República: Mais uma vez tivemos paticipação direta dos militares. Marechal Deodoro da Fonseca foi persuadido a marchar contra seu
muiamigo Dom Pedro II após Benjamin Constant e outros positivistas da época dizerem a ele que Gaspar da Silveira Martins, seu desafeto declarado, seria nomeado comandante do exército. Ah, é era mentira. - 03/11/1891, O Golpe de Três de Novembro: O mesmo Marechal Deodoro da Fonseca acaba eleito presidente pelo voto indireto e na data referida dissolveu o congresso nacional numa canetada e declarou estádio de sítio no país.
- 23/11/1891, A Primeira Revolta da Armada fez sua principal vítima. Marechal Floriano Peixoto assume após a renúncia de Deodoro. A consituição da época regia que se o presidente deixasse o cargo em menos de um ano de sua eleição, deveriam haver novas eleições. Floriano não deu a mínima para os dispositivos constitucionais e permaneceu no cargo. 2 anos de república e 3 golpes de militares; que fase…
- A Revolução de 30: Após uma eleição fraudada para que Júlio Prestes fosse o sucessor de Washington Luís, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba não aceitaram o resultado, e no vuco-vuco que se sucedeu João Pessoa, então governador da Paraíba, foi morto. Foi a gota d’água para que setores militares embarcassem no bonde golpista de colocar Getúlio Vargas na cadeira. Segue um trecho:“[…] detinha a superioridade militar sobre os revoltosos, mas faltava ao alto-comando vontade para defender a legalidade. Os chefes militares sabiam que as simpatias da jovem oficialidade e da população estavam com os rebeldes. Uma junta formada por dois generais e um almirante decidiu depor o presidente da República e passar o governo ao chefe do movimento revoltoso, o candidato derrotado da Aliança Liberal. Sem grandes batalhas, caiu a Primeira República, aos 41 anos de vida.”
(Carvalho, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015. p. 100). - O “Estado Novo”: Não perca as contas, ja estamos no sétimo golpe! Em 1937 o General Olímpio Mourão Filho fez uma presepada, inventou um tal de Plano Cohen inexistente e nele dizia que estava em curso uma possível tentativa de revolução socialista – na época o socialismo e o tenentismo afloravam no Brasil. Em 30 de setembro de 1937 o General Eurico Gaspar Dutra declara Estado de Guerra e cassa os direitos constitucionais. Em 10 de novembro é fechado o Congresso Nacional sob aplausos dos integralistas (uma versão tupiniquim do fascismo). Nada de eleições previstas para 38; a ditadura Vargas vai até 1945.
- A Deposição de Vargas: Praticamente os mesmos militares que apoiaram o golpe de 1937 tiraram Vargas do cargo em 1945. Enquanto Getúlio tentava fazer uma transição para manter tudo dentro das suas vontades, a pressão popular ia apertando. Quando Gegê afastou o chefe de polícia do Distrito Federal, João Alberto Lins de Barros, e pôs em seu lugar seu próprio irmão, o General Góis Monteiro, que o havia ajudado em 1930, reagiu ao gesto de Vargas e mobilizou tropas no Distrito Federal. Góis e Dutra exigiram a renúncia, mas tudo que ganharam foi um cadáver martirizado.
- 01/04/1964 O Golpe Militar: Esse eu vou me abster de comentar. Foram 21 anos de cerceamento de liberdades e todo o tipo de crime sob o pretexto de um fantasma do socialismo que jamais chegou perto de tomar o poder.
Nos nossos últimos NOVE Golpes de Estado apenas um não teve o envolvimento direto de setores das forças armadas. Diferente do que o candidato diz, as forças armadas não são “o último obstáculo para o socialismo”, mas sim o último obstáculo para a Democracia.
DEFESA NACIONAL
Segurança das Fronteiras
Devemos recuperar as condições operacionais de nossas Forças Armadas, com a valorização e a proteção de seus integrantes!
Diante das crises, nossos combatentes precisam de equipamentos modernos, não somente de veículos e armas. Ameaças digitais já são presentes. Nossas Forças Armadas precisam estar preparadas, através de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, com a participação das instituições militares no cenário de combate a todos os tipos de violência.
Além disso, no papel de consolidação nacional, devemos lembrar da participação das Forças Armadas no processo de atendimento da saúde e da educação da população, principalmente em áreas remotas do país.
As Forças Armadas terão um papel ainda mais importante diante do desafio imediato no combate ao crime organizado, sendo importante buscar uma maior integração entre os demais órgãos de segurança pública, principalmente na estratégia de elevar a segurança de nossas fronteiras.
Teremos em dois anos um colégio militar em todas as capitais de Estado.
Aqui basicamente só aparecem frases inócuas de exaltação das forças armadas, é o popular “jogar pra torcida”. A única coisa que é digna de nota aqui é o tal colégio militar. Sobre isso eu não vou fazer textão não, vou colocar um vídeo do Le Monde Diplomatique que é mil vezes melhor do que eu:
SUFOCAR A CORRUPÇÃO
• Transparência e Combate à Corrupção são metas inegociáveis.
• Como pilar deste compromisso, iremos resgatar “As Dez Medidas Contra a Corrupção”, proposta pelo Ministério Público Federal e apoiadas por milhões de brasileiros, e encaminhá-las para aprovação no Congresso Nacional.
Quando eu penso que já tava acabando o texto chegam as tais “As Dez Medidas Contra a Corrupção”. Não vai ter jeito, vamos ter que destrinchar. As tais medidas estão cheias de falácias e não tem como passar batido por elas.
Pra começar as 10MCC são referenciadas como se fossem um documento plural, contruído pelo MPF juntamente com a sociedade – ao menos é o que o site diz, mas “curiosamente” não há lugar algum em que você consiga acessar a íntegra dos documentos a não ser pelo site do 10MCC que, para a surpresa de ninguém, é do MPF! Fique à vontade para procurar quem é essa sociedade que ajudou, não vai chegar a lugar algum. Há um problema nisso? Não exatamente, não é nada ilegal, mas essa maquiagem de iniciativa popular, convenhamos, não é a coisa mais moral do mundo.
Outra forma utilizada para legitimar as tais 10 medidas é dizer que elas têm como respaldo 2 milhões de assinaturas em um abaixo-assinado, mas vamos lá, se alguém te para na rua e diz que tem um abaixo-assinado que é contra a corrupção você deixaria de assinar? Quem diabos é a favor da corrupção??? É uma retórica baixa.
Eu poderia fazer um texto gigante sobre essas medidas ou até mesmo quem sabe elas virem um episódio do nosso podcast, eu só vou deixar aqui uma situação pra mostrar o quão absurdo é o projeto.
Vamos pegar o que está no anteprojeto do primeiro ato, o teste de integridade:
“Art. 3º Os testes de integridade consistirão na simulação de situações sem o conhecimento
do agente público, com o objetivo de testar sua conduta moral e predisposição para cometer ilícitos
contra a Administração Pública.”
Basicamente o que vai rolar? Lembra do teste de fidelidade do João Kléber? É basicamente isso, mas ao invés de uma modelo sensual forçando a barra pra cima de um garotão com namorada seria um policial disfarçado esfregando dinheiro na cara de um servidor público mal remunerado. E eu não tô inventando não, tem até artigo mandando filmar quando possível. A ideia é provocar uma situação pra cima do servidor forçando uma barra pra ele aceitar algum tipo de vantagem, financeira ou não e ser pego com a boca na botija.
Talvez você esteja achando interessante né? Bem, tudo terá de ser previamente comunicado e é vedada a realização dos testes com juízes e cargos de alto escalão, afinal todos sabem que quem fez o Petrolão, os escândalos de Furnas e do metrô de SP foram os almoxarifes e contínuos, né?
A medida é um ornitorrinco que mesmo que tivesse boa intenção possui várias falhas e abre precedentes para excessos. Ou você acha que não rolaria de plantar uma grana na sala daquele secretário que almoça com a turma do sindicato pra incriminá-lo e tirar do caminho? Achou exagerado? É porque você não conhece o modus operandi de alguns outros servidores públicos por aí… [¹] [²]
Esse texto é parte de uma série. Não deixe de ver os nossos outros textos sobre o tema:
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